Arquivo mensais:março 2008

revista de autofagia n.2

REVISTA DE AUTOFAGIA n.2 - novembro - 2007

tenho uma paixão especial pelas revistas de literatura/poesia. gosto dos dossiers, das entrevistas, dos poemas que aparecem ali. é um evento à parte na vida de quem publica nela, pois ela tem um destino que foge ao controle do autor, ao contrário do que aconteceria se fosse um livro. tem momentos em que acho mais digno de comemoração uma publicação em revista do que um livro.

a revista de autofagia n.2, é pra mim um exemplo disto. abri-la e encontrar todo um dossier, incluindo entrevista, comentários e poemas de renato negrão foi para mim uma surpresa maravilhosa. considero o negrão um dos caras mais criativos com quem já convivi e lamento muito que ele não seja ainda suficientemente lido/conhecido/comentado pelo brasil/mundo afora, não tanto por ele, mas mais pelos leitores que saem perdendo de verdade.

mas na revista não tem só isso não. lá, você encontra também: bernardo amorim, espaço cubo, sandro eduardo saraiva, elisa andrade buzzo e otras cositas mais.

há muito tempo que eu esperava ver o número publicado e quando eu perguntava para o makely ou para o bruno, seus editores, sentia que eles passavam por algo bem parecido com o que passei nos tempos de estilingue: uma dificuldade para além da vontade de quem faz. realmente, manter viva uma revista de poesia no brasil não é brincadeira. por isso eu concordo plenamente com o makely, que escreveu no editorial: “a segunda edição de uma revista de poesia no país já é motivo de comemoração”. tem que querer muito para coisa sair. quando sai, fogos e todo tipo de artifício ainda é pouco.

por isso, comemoremos com muitos vivas e laroiês! e que venha o número 3.

um poema de léon laleau, poeta haitiano

canibal

o desejo selvagem, o ardor,
de misturar o sangue e as feridas
aos gestos e caretas do Amor
e de achar, debaixo das mordidas
que perpetuam o sabor dos beijos,
os soluços da amante e os seus ais…
ah! rudes e intranqüilos desejos
de meus antepassados canibais…

cannibale

ce désir sauvage, certain jour,/de mêler du sang et des blessures/aux gestes contractés de l’Amour/et de percevoir, sous les morsures/qui perpétuent le goût des baisers,/les sanglots de l’amante, et ses râles…/ah! rudes désirs inapaisés/de mes noirs ancêtres canibales…

(achei este poema de léon laleau na: anthologie de la nouvelle poésie nègre et malgache de langue française, organizada por l. s. senghor – a tradução é minha.)

canibais - o sonho de hans staden

vídeo-conferência sobre léopold s. senghor (para quem não viu)

para quem não viu a vídeo-conferência que apresentei semana passada na puc virtual, já está disponível para baixar no site da tv ponto com [link aqui]. se não quiser baixar, mas estiver afim de ver aqui mesmo no salamalandro, ajeite-se na cadeira e fique à vontade. é só apertar o play.

a videoconferência “negritude, magia e política: a poesia de léopold sédar senghor”, com o poeta e tradutor leonardo gonçalves, fez parte da série panorama arte e cultura, que é promovida juntamente com a diretoria de arte e cultura da puc minas. o projeto biblioteca digital multimídia é uma parceria da puc minas com o instituto embratel 21 e cerca de outras dez instituições universitárias e culturais. a transmissão foi feita através do portal do conhecimento, com direção e apresentação do professor haroldo marques.

artículos de prensa

juan gelmanque eu sou um imenso admirador do poeta juan gelman – aquele poeta argentino que foi exilado na ditadura, teve parentes e amigos desaparecidos pela ditadura militar e a neta raptada por um policial que trabalhava no campo de concentração uruguaio onde marcelo (seu filho) e a nora (que chegou lá grávida) estava preso – isso já é um fato mais que notório.

o que poucos sabem é que esse mesmo poeta é também jornalista, e escreve artigos bombásticos (ao menos para nós, do hemisfério sul) em torno ao que acontece nas entrelinhas do poder norte-americano. me parece surpreendente que discussões do nível das que tenho lido na bitácora, nunca tenham sido cogitadas aqui no país da batucada. talvez porque o brasil não precisa ter senso crítico. talvez porque o arnaldo jabor admira demais os estados unidos. ou quem sabe porque as batatas fritas pringles são as mais gostosas do mundo. seja lá o motivo, as discussões em torno ao 11 de setembro (data que considero a mais importante desde o dia em que eu nasci), não tem o mínimo rigor aqui na maravilhosa imprensa brasileira. Continue lendo artículos de prensa

hoje na tv ponto com

léopold sédar senghor lendo seus poemascomo vocês já sabem, hoje às 15h estarei participando da vídeo-conferência “negritude, magia e política: a poesia de léopold sédar senghor”. quem quiser assistir, basta clicar neste link:

http://200.244.52.177/embratel/main/mediaview/tvpontocom

quando abrir a página, é só clicar em “assistir agora” e voilà. espero não decepcionar a ninguém (a mim principalmente).

mas enquanto ainda não é hora, e o computador vai se preparando para abrir o player, segue um poema curtinho de senghor para irmos nos distraindo:

furador de atabaque

homem sinistro,
bico de aço,
furador de alegria,
tenho armas seguras.

minhas palavras de sílex, duras e cortantes
te acertarão;
minha dança e minha risada, dinamite delirante,
explodirão
como bombas.

eu te abaterei,
corvo negro,
furador de atabaque
matador de vida.

(trad.: leo gonçalves)

perceur de tam-tam

homme sinistre,/bec d’acier,/perceur de joie,/j’ai des armes sûres.//mes paroles de sílex, dures et tranchantes/te frapperont;/ma danse et mon rire, dynamite délirante,/éclateront/comme des bombes.//je t’abattrai,/corbeau noir,/perceur de tam-tam/tueur de vie.

revista roda para baixar

revista roda número 1desde o último fan (festival de arte negra), a revista roda passou a estar disponível para ser baixada. aliás, os leitores mais atentos, que fuçaram aí nos cantinhos do salamalandro, já a encontraram.

com uma equipe de arrasar, editada por ricardo aleixo e com projeto gráfico do bruno brum, a revista roda foi um dos melhores acontecimentos impressos dos últimos anos em bh. com um conjunto de informações riquíssimo, abrindo caminho para quem quiser conhecer bons artistas. que aliás acabam obscurecidos pela cor da pele ou pela falta de acesso a grandes meios. cada beiradinha da revista merece ser lida com cuidado.

no número 1, colaborei com algumas traduções de senghor e quem quiser baixar é só clicar aqui :

http://www.fanbh.com.br/donwloads/revista-roda/RODA_01.pdf

os outros números também se encontram disponíveis no seguinte endereço :

http://www.fanbh.com.br/index.php?secao=0&lng=pt&n1=fan&n2=revistaroda

vídeo-conferência sobre léopold sédar senghor

vídeo-conferência sobre léopold sédar senghor

O poeta e tradutor Leonardo Gonçalves apresenta a vídeo conferência
“Negritude, magia e política: a poesia de Léopold Sédar Senghor”

O poeta e tradutor Leonardo Gonçalves apresenta, no dia 12 de março de 2008, às 15h, a vídeo-conferência entitulada: “Negritude Magia e Política: A Poesia de Léopold Sedar Senghor”. A vídeo-conferência será exibida ao vivo pela internet no site: http://200.244.52.177/embratel/main/mediaview/tvpontocom. O evento fará parte da Série Panorama Arte e Cultura, que é promovida juntamente com a Diretoria de Arte e Cultura da PUC Minas. O Projeto Biblioteca Digital Multimídia é uma parceria da PUC Minas com o Instituto Embratel 21 e cerca de outras dez instituições universitárias e culturais. A transmissão será através do Portal do Conhecimento, com direção e apresentação do Professor Haroldo Marques.

A obra de Léopold Sédar Senghor, embora pouco conhecida no Brasil, é uma das experiências mais instigantes da poesia do século XX. Produzida numa região conflituosa da linguagem, sua poesia soma diferenças que vão do rítmico-sonoro ao lingüístico-cultural (tratando de temas como a pele negra, a tradição africana dos ancestrais ou a participação dos senegaleses na segunda guerra mundial). A poesia de Senghor é uma somatória africana de paixões eletrizantes em face de um mundo frio e excludente. Senghor, amante das diferenças, foi também um ardoroso defensor de conceitos como “negritude”, “francofonia” e “civilização do universal”. Tratava-se, já, da defesa de culturas mais fragilizadas em meio ao mundo que se globalizava. Numa entrevista concedida no final dos anos 1970, ele propunha “uma civilização do Universal pela diferença e na diferença”. É o que se vê desde o princípio em sua escrita. Continue lendo vídeo-conferência sobre léopold sédar senghor

heriberto yépez em dois lugares

heriberto yepez

para quem lê o castelhano, clique aqui e conheça o texto do poeta argentino mario arteca sobre heriberto yepez seguido de uma boa amostra da escritura em prosa desse tijuanês da porra.

para quem lê o inglês, indico um poemanifesto do mesmo tijuanês, publicado há algum tempo no site www.ubu.com. o texto se chama: a sketch on globalization & ethnopoetics (um esboço sobre globalização e etnopoética)