Arquivo da tag: música

Babilak Bah e o seu Enxadigma

babilak

Enxadigma, enxadário, curacões, corpoletrado, ou a gente se raoni ou a gente se sting. O divertido vocabulário de Babilak Bah é uma verdadeira festa e se parece com a parafernália sonora que ele mesmo vem criando há alguns anos. Quem não conhece, não devia perder mais tempo: procure, fuce, ouça, leia. Ou então, vá vê-lo no próximo sábado, dia 05 de dezembro:

Babilak Bah e Quarteto de Enxadas lançam: Enxadigma + Corpoletrado (livro de poemas do Babilak) + Curacões (vídeo documentário sobre um tema recorrente e interessante: o cu).
Sábado, dia 05 de dezembro às 21h
no Teatro do Oi Futuro Klauss Vianna (Av. Afonso Pena, 4001)

(Babilak se apresentará em breve também em Recife e em Barcelona, aguardem)

Para ouvi-lo é no:

www.myspace.com/babilakbah
www.babilakbah.com.br

Retour au pays de Patrick Acogny

Este ano o FAN – Festival de Arte Negra aconteceu em situação mais ou menos periférica. Digo mais ou menos porque a programação estava bonita, com convidados ilustres e competentes. As instalações bem feitas e bem organizadas, com dois grandes palcos e um Ojá (mercado em yorubá). Periférica porque foi empurrado para a orla da Lagoa da Pampulha. Embora bonito, um lugar fora de mão, com poucos ônibus. Difícil para quem não estivesse de carro e quisesse acompanhar a festa até mais tarde. Todo o mérito para os organizadores, o Rui Moreira e o Adyr Assumpção que, pelo jeito, levaram na cara e na coragem. Uma pena o novo prefeito não haver percebido que o FAN é a menina dos olhos dos festivais belorizontinos.

No vídeo acima, feito pela rádio Ojá, alguns momentos do espetáculo “Retorno ao país natal”, apresentado pelo Coletivo FAN da Dança (criado especialmente para o evento) e dirigido pelo coreógrafo senegalês Patrick Acogny. Quem acompanha é o grupo Uakti em colaboração com o griot Oumar Fandi Diop. Leo Gonçalves acabou colaborando um pouco também, enviando as traduções dos poemas de Léopold Sédar Senghor, Aimé Césaire e Léon Gontram Damas que são recitados pelas dançarinas durante o espetáculo.

Cantoras daqui – Michelle Andreazzi e Luiza Lara

webflyer-luiza-e-michelle

No projeto “Cantoras Daqui” BDMG. Michelle Andreazzi canta de Luiza Lara. O show é uma homenagem a Baden Powel, as cantoras estarão acompanhadas por vencedores do Jovem Instrumentista BDMG. Arranjos e direção musical de Cléber Alves e Túlio Mourão.

Teatro da Biblioteca (Praça da Liberdade, 21)
Próximo domingo dia 11 de outubro
às 16 horas. Ingresso: R$ 2,00.

Fabiana Cozza – Quando o céu clarear

Show de abertura da turnê Quando o céu clarear, de Fabiana Cozza em Belo Horizonte

Depois do entusiasmo que tive no ano passado, ao ver o show Mo gbe orisa com Fabiana Cozza brilhando no palco da sala Juvenal Dias, eu tive a sorte de ir a quase todas as suas passagens por BH. Quando escrevi algo sobre ela, na ocasião, a promessa de uma apresentação no Grande Teatro do Palácio das Artes em setembro acabou por não cumprir-se. Mas ouvi da boca de um caboclo que para o orum não há tempo. E aqui está Fabiana abrindo a turnê “Quando o céu clarear”.

Ela é a dona de uma das vozes mais poderosas que se viu neste país tão privilegiado de belas vozes. Acrescente-se aí o axé e a sedução que se instalam na sua presença, tudo dentro de um show que é ao mesmo tempo lírico e dançante. Um concerto desses não se pode perder.

Show da turnê “Quando o Céu Clarear”, de Fabiana Cozza com participações de Sérgio Pererê e Mauricio Tizumba
Data e horário: 29 de julho (quarta-feira), às 20 horas
Local: Grande Teatro do Palácio das Artes (av. Afonso Pena, 1.537, Centro)

Para mais informações:
BEBOP Comunicação & Cultura
(31) 3224-1251

Para ouvir:
www.myspace.com/fabianacozza
www.fabianacozza.com.br
www.fabianacozza.blogspot.com

Para ler a matéria publicada dia 11 de julho no Estadão:
www.estadao.com.br

O som e o sentido – José Miguel Wisnik

o som e o sentido - uma outra história das músicas, livro de josé miguel wisnik

Mais um livro para a minha estante de cabeceira. José Miguel Wisnik está afiadíssimo nesta “outra história das músicas”. Há muito tempo sou um leitor apaixonado de histórias da música. Apesar disto, costumo me aborrecer com a tediosa e repetitiva eurocentrização do som. Daí a surpresa deste livro.

Publicado pela primeira vez em 1989, O som e o sentido mostra um pouco das concepções primordiais do som em cada cultura. O som (organização arbitrária em cada povo) entendido como antítese de ruído, a organização do sentido em meio ao caos sonoro reinante no planeta. Som – palavra. Sonho sentido.

Interessante a distribuição temática do assunto: ao dividir a história da música em períodos em que reinam o Modal, o Tonal e o Serial, Wisnik produz um efeito de ecos no qual a história da música deixa de ser uma mera descrição do passado e se transforma numa verdadeira presentificação dos infinitos sons que circulam pelas mentes e ouvidos do mundo atual.

Em tempos de alta circulação de arquivos sonoros pelo planeta (com apoio de youtubes, emules e rapidshares), a sugestão é não se ater à simples (porém necessária) audição do cd que vem junto com o livro, mas acompanhar a leitura com a audição aprofundada de cada som sugerido. Pigmeus do Gabão ou os gamelões de Bali, as escalas de microtons indianas e árabes, as pentatônicas da economia política chinesa e africana, sem falar nas maravilhas da era tonal e pós-tonal.

A música modal é a ruidosa, brilhante ritualização da trama simbólica em qua a música está investida de um poder (mágico, terapêutico e destrutivo) que faz com que a sua prática seja cercada de interdições e cuidados rituais. Os mitos que falam da música estão centrados no símbolo sacrificial, assim como os instrumentos mais primitivos trazem a sua marca visível: as flautas são feitas de ossos, as cordas de intestinos, tambores são feitos de pele, as trompas e as cornetas de chifres. Todos os instrumentos são, na sua origem, testemunhos sangretos da vida e da morte. O animal é sacrificado para que se produza o instrumento, assim como o ruído é sacrificado para que seja convertido em som, para que possa sobrevir o som.

(…)
O mundo é barulho e é silêncio. A música extrai som do ruído num sacrifício cruento, para poder articular o barulho e o silêncio do mundo. Pois articular significa também sacrificar, romper o continuum da natureza, que é, ao mesmo tempo silêncio ruidoso (como o mar, que é, nas suas ondulações e no seu rumor branco, freqüência difusa de todas as freqüências). Fundar um sentido de ordenação do som, produzir um contexto de pulsações articuladas, produzir a sociedade significa atentar contra o universo, recortar o que é uno, tornar discreto o que é contínuo. (José Miguel Wisnik)

Oxumenina – Letra e música

Algumas pessoas que passam por aqui já estão sabendo: minhas relações com a música têm dado novas dimensões à minha criatividade (esta é também uma das razões de um certo sumiço momentâneo). A participação na performance CorpoTambor, do Benjamin Abras me trouxe de volta o violão. Em seguida, algumas composições furtivas. Como por exemplo a que fiz para o poema Oxumenina, do meu amigo poeta-jornalista-antropólogo-músico George Cardoso. Uma madrugada de insônia, rodeado de arpejos, escalas e partituras, resultou na música cuja letra eu deixarei aqui, só para começar. Aguardem novas novidades quem gostar de.

Oxumenina
(Leo Gonçalves – George Cardoso)

Oxumenina
Dança na minha cabeça
Dança na minha saudade
Batá batuca pra tua beleza
Batá batuca pra tua beleza

Ô flor nupê
Põe teus sorrisos nos meus
Nas águas dos olhos meus
Ayabá do meu viver
Ayabá do meu viver

Oxumenina
Canto pra ser teu obá
Sonho é poder te tocar
Oraieie ô teu prazer
Oraieie ô teu prazer

benjamin abras em dose dupla

hoje e amanhã, participo de duas performances de benjamin abras.

na primeira, que acontece hoje, 28 de maio, a partir das 20h na livraria usina das letras, no palácio das artes. falarei um dos poemas do livro falanges, que será lançado em meio às celebrações da semana da abolição.

na outra, a surpresa: os que forem amanhã, dia 29 de maio a partir das 20h ao tambor mineiro (rua ituiutaba, 339 – prado) serão os primeiros a me ver desempoeirar o violão na performance corpo tambor, onde benjamin emprega dança afro em meio a sonoridades inusitadas. tocarei ao lado de mateus valadares a peça musical que também se chama corpo tambor, de nossa autoria.

saiba mais no blogue do benja: www.benjaminabras.blogspot.com
corpo tambor - performance de benjamin abras no tambor mineiro