Arquivo da tag: outra imprensa

A nova poesia brasileira vista por seus poetas

A nova poesia brasileira vista por seus poetas - Suplemento Literário de Minas Gerais

No próximo sábado, dia 15 de junho, será lançado na livraria Scriptum (Rua Fernandes Tourinho, 99 – Belo Horizonte) o número especial do Suplemento Literário de Minas Gerais. Nesta edição, 54 poetas indicam trabalhos de poetas nascidos depois de 1960 que mais lhes tenham marcado.

Participo desta edição com a seleção do poema “Lagos” da Mônica de Aquino, seguido de um comentário. Tarefa sempre difícil a de selecionar um poema dentre tantos que me marcaram. Para o meu gosto, faltaram poemas de Bruno Brum, Ricardo Aleixo, Anderson Almeida, Marcelo Sahea, Marcelo Ariel, Ricardo Silvestrin, Ronald Augusto, Luciana Tonelli, Michelle Campos, Jorge Emil e tantos outros!

Em todo caso, a edição está excelente. Esperemos que outras dessa apareçam em breve.

Quem não puder ir ao evento, pode baixar aqui mesmo (basta clicar na imagem). Quem puder, não deixe de adquirir seu exemplar impresso. É gratuito e a edição é histórica.

O que: Lançamento do número especial do Suplemento Literário de Minas Gerais
Onde: Livraria Scriptum (Rua Fernandes Tourinho, 99 – Belo Horizonte)
Quando: Sábado, dia 15 de junho a partir das 11h

Revista Mallarmargens

Dentre as mais interessantes revistas virtuais que tenho lido, a revista Mallarmargens está cada dia mais recheada de bons poemas, textos admiráveis, fotos e muita informação sobre poesia contemporânea. Editada por Alexandre Guarnieri, Andréia Carvalho, Lara Amaral, Marceli Andresa Becker, Nuno Rau e Paula Freitas, se vale das novas maravilhas do blogger, para o design.

Tive a honra de publicar ali um poema meu inédito. Uma festa bacana, meu poema-orgia. Mas indico aos que forem por lá circularem mais.

www.mallarmargens.com

Revista Coyote #23

Demorou, mas graças ao aparecimento da Rô Candel, uma nova amiga, tenho finalmente em mãos a Revista Coyote número 23. Como sempre, ela está repleta de coisas boas. Dou destaque especial para o poema “Discurso por ocasião de um congresso internacional de pessoas jurídicas”, do Bruno Brum, que tive a honra de ver nascer e para as traduções do meu camarada Reuben da Cunha Rocha, dos poemas de Gregory Corso, dentre os quais me divirto em reproduzir um aqui. Mas tem mais: Moacir Scliar, Bernardo Vilhena, Márcia Tiburi, Beatriz Bracher e por aí vai. Para adquirir seu exemplar, é só encomendar no Sebo do Bac ou no site da editora Iluminuras.

Céu de Cambridge

Olho pra cima
e milhares de recém-nascidos
sangram da vela dos meus olhos;
filhos e filhas de cera derretida
sangrados do útero dos olhos.
Ah esta é a mais lenta das horas
nuvens das nuvens qual flores que demoram
até uma nuvem tornar-se todas
e eu ficar cego.

A última coisa que enxergo
é um pássaro no alto cantar destemido
e ainda ouvirei no céu seu último bramido
antes que a rajada arebente a asa.

[Gregory Corso traduzido por Reuben da Cunha Rocha]

Musique nègre na Musa Rara

O site do Musa Rara já chegou transbordando. Com um design bacana, repleto de novidades a cada dia, ausente de panelinhas, criativo ativo. Ali você encontra contos, poemas, crônicas, ensaios, resenha, traduções de poesia e até mesmo uma TV Musa, organizada pelo admirável casal Gércio Tanjoni e Elizete Lee. Participam da editoria: Ana Peluso e Adrienne Myrtes. O editor-visionário, criador e animador é ninguém menos que o poeta Edson Cruz, amigo recente na Pauliceia, um dos criadores de um outro site admirável e com moldes parecidos, o portal Cronópios e autor do livro Sambaqui, lançado pela Crisálida em 2011.

Tive a honra de ser convidado a participar. Minha primeira colaboração (outras virão) é a pequena série de traduções de poemas do haitiano Léon Laleau que publiquei originalmente no Suplemento Literário de Minas Gerais em junho de 2010. Personagem importante na história de seu país, ele foi uma das principais figuras do modernismo haitiano. Autor de romances e livros de poesia, sua obra me lembra um pouco os ideais do modernismo brasileiro e da antropofagia oswaldiana.

Para ler Laleau é lá: www.musarara.com.br/musique-negre

adiar o dia de sair do mar

O número 1.338 do Suplemento Literário de Minas Gerais, correspondente aos meses de Setembro e Outubro de 2011 veio cheio de matérias interessantes. Logo de cara, você encontra uma entrevista com Augusto de Campos concedida a Cristina Monteiro de Castro Pereira. Ele, o Augusto, que na minha opinião se encontra num momento todo especial de sua vida, aos 80 anos em plena criatividade e abertura. Um poema de e. e. cummings traduzido pelo próprio Augusto e aproveitando a deixa, um curto ensaio de Fabrício Marques sobre Augusto de Campso e Paulo Leminski. Em seguida, Sérgio Medeiros compartilha seus e-mails com um crítico. Três contos de Marcílio Castro. Comentários de Marília Rothier Cardoso sobre a correspondência entre Mário de Andrade e Henriqueta Lisboa. Poemas em prosa de Alexandre Guarnieri. “O roubo”, poema de Eucanaã Ferraz. “Similhana”, conto de Ildeu Geraldo de Araújo. Resenha sobre o livro A invenção do crime, de Leida Reis. Renata Marquez lança um olhar sobre “Habitáveis” da artista plástica Liliane Dardot.

Na última página, um poema meu. “Transatlântico” pode não ser uma obra-prima, mas é dentre os meus poemas um dos que mais gosto, pela revelação e a tragicidade que se esconde sob as águas azuis desse oceano que meus ancestrais atravessaram e onde tantos ficaram.

Para quem quiser lê-lo na íntegra, tenho aqui o pdf disponibilizado pelo site da Secretaria de Cultura de Minas Gerais. Clique aí e leve.

Da liberdade de imprensa

De tudo que vem ocorrendo em torno às eleições de 2010, o que mais tem chamado a minha atenção é a atuação inédita da mídia brasileira e sua relação direta com a opinião e os votos dos eleitores. Este é um momento ímpar, em que a falaciosa imparcialidade dos jornalistas está sendo exposta com toda a força. E, dentre os fatos inéditos, há a baixa repercussão da campanha massiva de difamação por parte da imprensa. Parece incrível que, todas as capas e editoriais lançados pela Veja, a Folha de S.Paulo, o Estadão, o grupo Globo, tenham servido para baixar apenas 5% dos votos de Dilma Roussef em relação ao que vinha sendo demonstrado pelas pesquisas de opinião. Em outros tempos, essa baixa repercussão parecia ser impossível-impensável.

Umas duas semanas antes do primeiro turno, o presidente Lula declarou em público que a imprensa deveria assumir que atua como um partido de oposição e que não tem nada de imparcial no que publica. Isso provocou uma reação imediata e provocativa por parte dos conservadores. Jornais e revistas apareceram dizendo que o presidente queria acabar com uma suposta “liberdade de imprensa” existente no país. Mas, contradição das contradições, a capa de uma das revistas de maior circulação apareceu com o seguinte anúncio com ares de “denúncia”: “a liberdade sob ataque”. Como ilustração da capa, a estrela do PT fincada sobre o artigo da constituição que garante a liberdade de imprensa. Evidentemente, se houvesse algum tipo de cerceamento de tal liberdade, a revista seria recolhida e proibida. Não foi bem o que vimos.

De qualquer modo, o assunto gerou muita polêmica. Ambos os lados da história se posicionaram, discutiram. A revista Carta Capital, partidária assumida do atual governo, também lançou seus impropérios, claro, na defensiva. “Vale, porém, discutir as implicações da liberdade de imprensa, e de expressão em geral. É do conhecimento até do mundo mineral que a liberdade de informar encontra seus limites no Código Penal. Se o jornalista acusa, tem de provar a acusação. E informar significa relatar fatos. Corretamente. Quanto à opinião, cada um tem direito à sua”, afirma Mino Carta em seu editorial de 27 de setembro. E para acender a fogueira das discussões, Sandra Cureau, vice-procuradora-geral da Justiça Eleitoral, exigiu da revista “a entrega da documentação completa do relacionamento publicitário com o governo federal”.

Por outro lado, uma reação pareceu honesta e louvável: o jornal Estado de S. Paulo colocou em seu editorial: “Com todo o peso da responsabilidade à qual nunca se subtraiu em 135 anos de lutas, (…) apoia[mos] a candidatura de José Serra à Presidência da República”. Acredito ter sido esta a primeira vez que um jornal conservador assumiu tal postura na história da democracia brasileira. A Folha, que disputa mercado com o Estadão, não teve uma postura tão digna. Continuou acusando o governo de ser contra a liberdade de imprensa.

Apesar de tanto discurso acusatório, quem acabou por cercear a liberdade de informação foram os próprios acusadores. O site Falha de S. Paulo, paródia da Folha, que trazia críticas e denúncias, foi tirado do ar após uma ação na justiça. O argumento era de que o site fazia “uso indevido da marca”. Para infelicidade do acusador, o site proibido ganhou logo uma versão colaborativa, que dificilmente será tirada do ar.

Mas o fato mais escandaloso (e talvez insuficientemente repercutido no cenário nacional) foi a demissão da jornalista, psicanalista e poeta Maria Rita Kehl do Estadão. O argumento deste foi que houve um “delito de opinião”. É que ela descreveu, em sua coluna semanal, algumas das grandes conquistas do atual governo. Continue lendo Da liberdade de imprensa

Poemas do Haiti no Suplemento

A edição de junho/2010 do Suplemento Literário de Minas Gerais estampou alguns poemas que traduzi do poeta haitiano Léon Laleau, um dos que mais admiro na língua francesa. Bem pouco conhecido, Laleau escrevia com ironia e bom humor.

O número 1330 do Suplemento traz ainda a participação de dois amigos: o Cleber Araújo Cabral, que, em parceria com Adriana Araújo Figueiredo, fala do escritor mineiro Wander Piroli, e o Eclair Antônio Almeida, que fala sobre e traduz Maurice Blanchot. E tem também poemas, contos, ensaios.

Para quem não sabe, o Suplemento é uma publicação do governo de Minas Gerais e agora é bimestral. A distribuição é gratuita, tanto na forma impressa quanto na virtual, que fica disponível no site da secretaria de cultura do estado. Quem quiser baixar o pdf, é só clicar aqui (ou na capinha do suplemento aí acima).

Lacuna que Alécio deixa

Alécio Cunha. foto: Marcelo Prates

No dia 16 de janeiro deste ano, em meio aos preparativos para o lançamento do WTC BABEL S. A., recebi o telefonema de Alécio Cunha: “Leo, você pode estar aqui no jornal em 30 minutos para uma entrevista?” Obviamente eu não podia. Cheguei duas horas depois. Encontrei o Alécio sorridente como sempre, mas preocupado porque queria muito publicar algo sobre o meu poema. Me fez uma entrevista inteligente e que me pôs para pensar. No outro dia, saiu um artigo esperto no qual se via claramente que havia sido feito às pressas. Alécio havia dado um jeito de fazer caber o texto na pauta do dia seguinte e teve que fazê-lo com agilidade. Sempre foi assim. Eu o via sempre correndo, às vezes até com a fala apressada. Escolheu entregar seu tempo ao jornal, independentemente da sua saúde. Certamente porque o fazia com muita paixão.

Conheci o Alécio Cunha em 1998, quando eu trabalhava na Livraria da Travessa. Costumava ir lá aos sábados quando gastávamos horas de conversa sobre literatura e poesia. Procurava manter-se em dia com o mercado editorial da área, conhecia os principais autores contemporâneos e foi quem me apresentou, entre as muitas coisas, a Anthologie de la nouvelle poésie nègre et malgache de langue française, numa época que eu nem sabia quem era Léopold Sédar Senghor. Eu, em troca, lhe apresentei as traduções que fazia do então inédito no Brasil Juan Gelman.

Alécio sempre tratou com muito entusiasmo dos meus trabalhos. Escreveu sobre todos eles. Desde A rainha da cocada preta. Em 2002 fez uma imponente entrevista comigo, por ocasião do lançamento da primeira edição d’O doente imaginário. Procurou fazer o mesmo quando do lançamento do livro Isso e do meu das infimidades. Seu texto sobre Canções da Inocência e da Experiência começa inusitadamente com lágrimas, um ato de coragem para um jornalista.

Além de repórter, Alécio era um poeta confiante no poder da linguagem. Despreocupado quanto ao seu próprio reconhecimento enquanto escritor e atento às pequenas coisas que existem por detrás daquelas que nos comovem profundamente. Acreditava, como eu, que poeta bom é poeta vivo. Era jovem e jovial, tinha apenas 40 anos e havia publicado poucos livros, embora tenha escrito bastante e contribuído muito para a literatura brasileira, tirando da obscuridade não apenas poetas contemporâneos, mas também grandes mestres esquecidos (basta lembrar o caso de Lúcio Cardoso).

A notícia de sua morte no último sábado me deixou muito triste. Soube que havia sofrido um aneurisma em outubro e que estava em coma. Eu esperava que ele melhorasse, que fosse sobreviver a isso. Mas as coisas não são como queremos. Alécio Cunha fará muita falta por aqui.

instantâneos

cosmopoética

terminou no dia 30 de abril, na cidade de córdoba, um dos mais extensos festivais de poesia do planeta hoje. a cosmopoética. durante os acontecimentos principais, entre o dia 13 e 30 de abril, o festival contou com a presença de poetas como michel houellebecq (frança), teresa calderón (chile) e dunya mikhail (iraque). além é claro, do prato principal: a efervecência da poesia  espanhola viva e muita música boa.

www.cosmopoetica.es

***

terças poéticas

terças poéticas é um projeto que acontece desde 2006 no palácio das artes,  belo horizonte, sob o comando de wilmar silva. um dos resultados desse projeto foi a generosa antologia jardins internos, na qual saíram publicados, entre os muitos que participaram do “terças”,  poemas meus e de meus companheiros de poesiaHOJE. agora, pela primeira vez, o palácio das artes abre o edital para os poetas interessados em performar. o prazo é até o dia 05 de junho.

***

1240604934_vozdapoesia

a voz da poesia – ciclo de parcerias: em são paulo, poetas e compositores se encontram para um bate papo sobre seu trabalho. são oito encontros quinzenais e muita gente foda. na primeira noite, inauguração com zeca baleiro e celso borges. no próximo dia 23, é a vez de ademir assunção e edvaldo santana. a programação completa está na espelunca do ademir.

***

simpoesia

também em são paulo, a partir do dia 4 de junho, começa a segunda edição do simpoesia. curadoria de virna teixeira. veja a programação completa no www.simpoesia.wordpress.com