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Em BH

O lançamento belorizontino de Use o assento para flutuar será amanhã, sábado, dia 15 de setembro, das 14h às 17h, na Casa Una (Rua Aimorés, 1451 – Lourdes). Será um dia de programação intensa. Convidei alguns poetamigos que ler, performar, vocalizar poemas meus e deles. A programação começa às 15h e terá:

VO(O – Coro de Vozes Comuns
Marcelo Sahea
Mariana Botelho
Benjamin Abras
Thais Guimarães
Renato Negrão
Michel Mingote
Bruno Brum

E eu mesmo.

Vejo vocês lá!

No Londrix 2012

Semana que vem, de 24 a 26 de agosto, participo do Londrix – Festival Literário de Londrina e estarei com a programação intensa. Veja aí:

Sexta-feira, dia 24/8 às 17h30 no SESI Lançamento do Use o Assento para flutuar na companhia de Edison Maschio, Marcelo Montenegro, Marcelino Freire, Felipe Pauluk e Beatriz Bajo (que também estarão lançando os deles).

Sábado, dia 25/08 às 18h no SESI: mediação do bate-papo com os “poETs” (banda formada por Alexandre Brito, Ricardo Silvestrin e Ronald Augusto).

Em seguida, às 19h30, participo da mesa “Literatura, performance e outros meios”, com Maicknuclear, Carol Sanches e mediação da fotógrafa Fernanda Magalhães.

E por fim, no domingo, 26/08, participamos (eu e Franciane de Paula) da festa de encerramento do LONDRIX 2012, com a performance POEMACUMBA. A festa começa ao meio-dia na Vila Cemitério de Automóveis.

Para saber mais sobre o festival e ver a programação completa: www.londrixfestivalliterario.com.br

 

Nova cara, novas decolagens

O Salamalandro, num esforço de mimetizar as mudanças no campo de ação de seu piloto, tem passado por uma série de mudanças em vários sentidos. E muita coisa ainda há de mudar. Na medida do possível, vou lançando por aqui as notícias.

Para os curiosos de plantão, já posso adiantar algumas coisas:

Está no prelo, pela editora Patuá, o meu primeiro livro da fase em que tenho estado “paulistando” (assim mesmo no gerúndio, para nos mantermos sempre e movimento e nunca concluso). Use o assento para flutuar terá tudo o que o que você espera (e um pouco de inesperado também, espero): apresentação, posfácio, orelha, para em pé – salvo engano, um formato avantajado, capa colorida e tudo o mais. Farei lançamentos em algumas cidades. Quem quiser acompanhar as informações (vou atualizando ao longo dos dias), é só clicar aqui.

Está também no forno a nova versão de Poemacumba, em vias de se transformar num espetáculo, ou numa performance-espetáculo. Eu e Franciane de Paula estivemos trabalhando nisto nos últimos meses, dando novos movimentos, inserindo elementos cênicos (iluminação etc) e sonoros, novos poemas e um pouco mais de cada um de nós, de cada uma de nossas inquietudes. Essa é, para mim, uma das minhas mais importantes experiências de 2012.

Tanto o Poemacumba quanto o livro serão lançados/estreados no dia 21 de agosto de 2012 na Sala Guiomar Novaes, na Funarte-SP (Alameda Nothman, 1058, próximo ao Minhocão e a alguns quarteirões da estação Santa Cecília). Depois disso, o livro e a performance vão ao Paraná, onde participaremos do Londrix – Festival Literário de Londrina (aguardem mais notícias por aqui também).

Na agenda, que está se completando aos poucos, tem ainda passagens confirmadas por Belo Horizonte  (na Casa Una) e Paraty. Para ir se informando, é neste link (sobre o livro) e neste outro link (sobre a performance).

Para alguns dos lugares onde passarei (passaremos), estou preparando algumas oficinas que vão de “Iniciação à poesia”, voltada para o público jovem, passando por um curso que se chamará “Sobre a poesia”, voltado para professores do ensino fundamental, médio e para estudantes de letras. Ainda voltado para o público pouco experimentado, disponibilizarei o “Ateliê de poesia falada”, inaugurado em julho deste ano, como parte da programação da Off-Flip. Para os iniciados, disponibilizarei também dois minicursos: “África & Poesia”, um curso sobre as contribuições dos “valores de civilização do povo negro” para as poéticas contemporâneas; e “A contribuição Dadá”, para aqueles que se interessam, mas conhecem pouco, os grandes avanços e invenções de um dos movimentos literários que inauguraram o século XX.

Tudo isto e mais um pouco, circulará por aqui no Salamalandro. Conto com a participação de quem quiser (alimentado de Enthousiasmos, quer dizer, do “sopro dos deuses”) levantar voo nessa navilouca ou  quem quiser simplesmente “usar o assento para flutuar”.

 

6º Fan – Festival de Arte Negra

O Fan é sempre um acontecimento instigante. Conceitualmente bem estruturado, chegou à sua sexta edição aos trancos e barrancos, superando a (má) vontade política e todo tipo de percalço próprio de tudo o que se tenta fazer culturalmente no país. No seu longo histórico, já teve presenças inesquecíveis como a dançarina senegalesa Germaine Acogny (em 2006) e seu filho Patrick Acogny (em 2009). Inesquecível foi também a enorme exposição da memória da escravidão (em 2002, se não me engano), a revista Roda, o show de Jards Macalé com as Orquídeas.

A programação deste ano não deixa para menos. Homenagem ao Mestre Jonas, leitura-concerto com os poetas Abreu Paxe (Angola), Nina Rizzi (Fortaleza), Ronald Augusto (Porto Alegre) e Sebastião Salgado (Rio de Janeiro), oficinas de dança e de moda, muita música. Destaque especial para a presença da belíssima cantora Susana Baca, a embaixatriz da música afro-peruana e do artista pop senegalês Youssou Ndour, atual ministro da cultura de seu país.

Uma festa para quem (como eu) gosta de diversidade e exuberância.

Clique no link para saber mais e mais sobre o Fan: www.fanbh.com.br

Changó el gran putas

“Changó, tu pueblo está unido en un solo grito.”
Manuel Zapata Olivela

Às vezes, o inusitado acontece de maneira especial. Eu estava participando do Fliv – Festival Literário de Votuporanga, quando vejo na programação do Fórum de Dança (que costuma acontecer paralelo ao Fliv) o espetáculo Changó el gran putas, apresentado pelo dançarino togolês Vincent Harisdo. Me lembrei imediatamente de ter tomado conhecimento havia pouco do poema homônimo do colombiano Manuel Zapata Olivela.

Ao conversar com o dançarino e seu parceiro, o griot Bachir Sanogo, soube que Olivela havia sonhado ver aquele poema atravessando o Atlântico e ocupando as mentes dos africanos. Harisdo, que é de origem yoruba, comentou o quanto lhe parecia bom ouvir falar de seus deuses ancestrais do lado de cá, entre os descendentes que haviam sido privados da memória de seu povo.

O Changó el gran putas de Vincent Harisdo fala um pouco disto: as belezas imensuráveis das tradições africanas que habitam o corpo e a mente dos seus descendentes em todos os cantos do mundo. O quanto toda essa beleza tem sido escamoteada ao longo dos séculos, e o quanto nós resistimos mesmo assim, produzindo algumas das criações mais admiráveis (e admiradas) do nosso tempo.

O espetáculo, que traz o nome do orixá, é uma criação mestiça. Bachir Sanogo é descendente de uma longa tradição de griots malinkè. Com seus cantos em bambara e mossi, acompanhado de kamel ngomi (o instrumento de cordas que ele toca na foto acima), djembê, dumdum, cabaças e congas, ele sonoriza e dá vida aos passos do dançarino. Me falou de seus ancestrais como um povo vanguardista, pioneiros na domesticação dos cavalos (anterior aos árabes) e nas políticas de respeito à mulher (secularmente anterior às feministas do século XX). Uma das coisas que concluímos foi que, ao aceitarmos a África como nos é dada pela mídia mundial: um lugar de tristeza e dor, digno de pena e criações de ongs para enviar esmolas, estamos aceitando que a África que corre em nosso sangue é também esta.

Vincent Harisdo lembra que “gran putas” não é um palavrão, mas um grande elogio. Algo como “Xangô o fodão” ou “o puta deus Xangô”. Um oriki. Um oriki para nos lembrar que “gran putas” é esse povo que troa xangô pelo mundo afora, a começar pela dupla e seu ngunzu denso.

Para quem quiser conhecê-lo melhor: http://harisdo.free.fr/

Para quem quiser ouvir Bashir Sanogo: www.myspace.com/bachirsanogo
Quem quiser ler o poema de Manuel Zapata Olivela, olha aí o link para baixar o pdf: /chango-el-gran-putas-afro

Daniela Andújar e outras personas

Nunca vi Daniela Andújar. A conheci pelas vias virtuais. Leitora do Salamalandro, me mandou um recado lá pelos últimos anos de Roberto Piva, quando lancei por aqui um apelo para os que quisessem/pudessem colaborar com alguma grana para que o poeta pudesse cuidar da saúde. Ela pedia para avisar aos dele que havia reunido uns amigos e depositado algum montante na conta que divulguei aqui.

Desde então, vez por outra mantemos contato por e-mail. Só em 2011 é que descobri que Daniela Andújar é uma portenha para lá de original. Assina aqui ali como Roberta Arta e outros heterônimos. Das coisas que ela gosta (até onde sei), inclui-se proferir com sua voz de gitana as palavras da sua poesia, que ela reúne na performance Poeticazo, ao lado de amigos, às vezes percussão, às vezes guitarra ou o que vier.

Daniela Andújar vive no Guarujá, mas tem passado os últimos meses em Buenos Aires. Navegou pelos cinco mares, andou pela Itália, Andalucia, nas suas palavras andou fundando agrupações sambapunk de poesia e ritmo como “Manifesto Escoria, ou Deus”, “Ser o no Res”, mesclando poesia, dança, música e entusiasmo. Sua expressividade delirebelde resulta na palavra Manifesto, ou, melhor ainda: ManiFesta.

A LA VIDA HAY QUE DES-$IFRARLA, ela e suas muitas personas gritam com um pedal chorus ligado no máximo.

Recebi pelo correio há alguns meses um pacote repleto de coisas: o livro Dengue, que traz o subtítulo: “poesia para extender o império dos sentidos e bombardear o império dos sentados”. No pacote também havia outras coisas. Convite para a performance-rapp que rolou el viernes 29 de outubro de algum ano passado, com o lançamento desse mesmo livro. Como invocados espciais: Oswald de Andrade e Allen Ginsberg. E mais um folheto com o poema (ou pameo ou peoma) “serviço de morte obrigatório”. E mais um cd com suas palavras gritadas contra a moral e os bons costumes. E mais um poema de Paco Urondo “La verdad es la única realidad” e mais e mais, num desdobrar de repalavreamentos que botariam James Joyce de cabelo (ou carne) em pé.

A poesia eléctrica táctil cardíaca bombachuda inflamable de Daniela Andújar, uma cidade caótica onde se perder. Para conhecer um pouco do que ela faz, é lá no: www.danielaandujar.blogspot.com

*

Deixo com vocês uma palhinha colhida no blog dela com tradução minha:

Anocheself

O dia nasceu noctâmbulo
querendo nascer amanhã
não hoje
o dia de hoje se desnasce
pretende abaixar o sol
soprá-lo
até empurrá-lo
e que ele caia to
d
o

pelo horizonte e se es
t
r
e
l
e

[El día nació noctámbulo
con ganas de nacer mañana
no hoy
el día de hoy se desnace
pretende agachar el sol
soplarlo
hasta empujarlo
y que se caiga to
d
o

por el horizonte.

y se e
s t
r
e
ll
e]

Marginália e experimentação

Dica: Quem estiver em BH na próxima quarta, dia 22 de junho, não deve perder as performances do Ricardo Aleixo e do Marcelo Dolabela, às 10h30, no encerramento da exposição Marginália e experimentação, que integra do ciclo de conferências Sentimentos do Mundo, coordenado pela poeta e professsora Ana Caetano. Aproveitem por mim.