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Curtas-metragens/Courts-métrages

Foto: Flávia Mafra

Amanhã, para quem estiver em BH: lançamento do livro Curtas-metragens/Courts-métrages, da minha querida Camila Nicácio. Na Livraria Quixote (Rua Fernandes Tourinho, 274 – Funcionários), a partir das 10h da manhã.

O livro foi escrito em francês e em português e a publicação é da Thot éditions. São 70 epifanias da Camila, sucintos texto-fotogramas repletos de lirismo e sensualidade com ilustrações da venezuelana Rosa Maria Unda Souk.

“(…) gosto desse minimalismo, da ironia fina e elegante e, por vezes, magoada, desses poemas-narrações, muito subtis, compreensivos das realidades miúdas do dia-a-dia se entrecruzando com melancolias várias. Até a sensualidade e a ternura são cuidadosas e discretas. (…) essa poesia, com voz própria, me faz lembrar, de algum modo, uma espécie de associação entre segmentos de Ana Cristina César e Adélia Prado. E os desenhos também são do meu agrado. Muito bem conseguidos, discretos, mas relacionados com a substância da poesia”.

(Pires Laranjeira, professor, escritor e crítico português, Universidade de Coimbra, Portugal).

Biblioteca mattosiana

Glauco Mattoso completa hoje, dia 29 de junho, 60 anos. Motivo para comemorá-lo. Então, para quem estiver em SP, hoje tem o lançamento da Biblioteca mattosiana, pelo selo Demônio Negro, reunião de tudo que fez até agora. Na Biblioteca só não haverá o livro Tripé do tripúdio e outros contos hediondos, que será também lançado pelo selo Tordesilhas. Haverá também um bate-papo com o autor e os escritores Lourenço Mutarelli, Mamede Mustafa Jarouche e Antonio Vicente Seraphim Pietroforte.

O lançamento acontece no Centro Cultural B_arco (Rua Virgílio de Carvalho Pinto, 426 – Pinheiros) a partir das 19h30.

***
Para quem já quiser ir degustando as palavras do desbocado Glauco, um soneto sádico:

SONETO 17 SÁDICO

Legal é ver político morrendo
de câncer, quer na próstata ou no reto,
e, pra que meu prazer seja completo,
tenha um tumor na língua como adendo.

Se for ministro, então, não me arrependo
de ser-lhe muito mais que um desafeto,
rogar-lhe morte igual à que um inseto
na mão da molecada vai sofrendo.

Mas o melhor de tudo é o presidente
ser desmoralizado na risada
por quem faz poesia como a gente.

Ele nos fode a cada canetada,
mas eu, usando só o poder da mente,
espeto-lhe o loló com minha espada.

(Glauco Mattoso. Centopéia: sonetos nojentos e quejandos. SP: Ciência do Acidente, 1999)

Dois poemas de Thaís Guimarães

ABAIXO DO MERCADO DO PECADO
NÃO OLHE NÃO PENSE NÃO GRILE
DUAS QUADRAS ACIMA
NA RUA ARREPENDIDA
PEGUE ATALHO E NÃO RESPIRE
SUSPIRE SUSPIRE SUSPIRE

*

NOTURNA

A flor dos meus seios
Aguarda
A tua língua
O gosto da fala
Intraduzível
Em minha carne

do livro “Jogo de cintura”. Edições Dubolso, 1982


Thaís Guimarães é também autora de Reconstrução Adversa do Discurso Amoroso. Poesia. BH. Edições Gatinhos, 1983. Seu livro Bom Dia, Ana Maria. Poesia. Infantil. BH. Editora Vigília ganhou Prêmio Jabuti de Melhor Produção Editorial, 1987. A conheci com toda a sua contagiante inquietude em abril deste ano durante a ZIP.

Você também encontra poemas dela no site www.tanto.com.br

Próxima parada: ZIP na Casa Una

A ZIP que antes era um evento anual ou menos que isso, foi promovida recentemente a evento itinerante. Isso gerou um resultado incrível, vide o saldo mais que rico para quem esteve no Centro Cultural entre os dias 17 de março e 16 de abril de 2011. Aquilo não foi apenas uma mostra de poemas e de poetas. Muito mais que isso, a Zona de Invenção Poesia & fez jus a este & que lhe sucede. Encontros inusitados, aproximação entre poetas de pelo menos três gerações não apenas mineiros. Reencontros entre aqueles poetas da diáspora mineira (eu incluso) e os que permanecem nas alterosas. Reverberações verbivocovisuais ou, usando a expressão dos curadores, reverbivocovisuais preenchendo espaços com inesperada poesia e uma alegre didática da invenção, tecnologia criativa digna de ser exportada para os quatro cantos do país.

Quem não pôde acompanhar a ZIP que rolou entre março e abril, e mesmo quem pôde, poderá curtir agora a nova sessão, que começou na última quinta-feira. Mas não vá achando que vai ver um evento repetido. A Casa Una recebe até o dia 03 de junho a exposição itinerante que será regada com rodas de conversa, performances, oficinas e muito mais.

Quanto a mim, estarei por lá no próximo dia 12 às 19h30 para um bate-papo ao lado de Marcelo Dolabela. A conversa será intermediada por Chico de Paula e Ricardo Aleixo.

A Casa Una fica na Rua Aymorés, 1451/Casarão – segundo andar.
Você fica sabendo da programação completa no site:

www.casauna.com.br

ZIP – Hoje!

E para quem ainda não se inteirou, aí vai a intimação: a partir das 19h de hoje estará rolando a ZIP – Zona de Invenç~ao Poesia &. Aviso aos sãopaulocêntricos e cariocômanos: esta Zona é um dos melhores acontecimentos de poesia desta república das letras. No comando, um time foda: Ricardo Aleixo, Chico de Paula e Bruno Brum na curadoria, Sabrina Bueno na produção executiva e Raquel Pinheiro na finalização video-instalação e Daniel Mendonça, que colaborará no apoio técnico de áudio. Serão mais de cem poetas entre os que enviarão seus trabalhos e os que estarão presentes.

A inauguração é hoje, quinta-feira, 17 de março de 2011 a partir das 19h no Centro Cultura UFMG. As outras sessões serão sempre nas sextas-feiras, incluindo amanhã.

E numa dessas, eu também estarei lá com mais uma noite de POEMAQUMBA. Fique antena!

Quer saber quem participa da ZIP? A lista é longa, clique aqui para lê-la.

Flagrantes do tempo de Luciana Tonelli

Para quem gosta de poesia boa e respirável, a dica é não perder este lançamento.

Flagrantes do tempo: poema-reportagem na Pauliceia, de Luciana Tonelli.
Dia 16 de fevereiro, às 18h30 na livraria Martins Fontes (Av. Paulista, 509)

Adianto que o livro está uma belezura, repleto daquela rebeldia bem própria da Lu, retratando momentos que cada vez mais fazem parte da experiência paulistana: o tempo e sua falta. O leitor encontrará ali também, além da parte inédita vencedora do Proac – programa de apoio à publicação do estado de São Paulo-, uma boa seleção de poemas éditos e inéditos da autora, de Flagrantes do poço (seu primeiro livro) aos deliciosos Poemanifestos. Uma festa.

Para saber mais sobre o livro, o lançamento e a Luciana Tonelli, é lá no site da editora:

www.editorapeiropolis.com.br

e-books pra terminar 2010

O ano de 2010 vai entrar pra história como o ano do iPad e dos kindles. O livro-e e seus navegadores foi assunto em várias rodas, bienais, encontros literários, discussões aguerridas e polêmicas quanto à possivel e amedrontadora entrada dos livros eletrônicos que supostamente substituiriam o livro de papel.

Em 2010, pela primeira vez, viu-se que a venda de livros não folheáveis era de interesse do mercado e algumas grandes lojas começaram a exigir dos editores um exemplar eletrônico vendável para cada livro de papel. Para os poetas e leitores de poesia, interessados em literatura em geral e amantes dos objetos feitos com capricho, me parece que a novidade já está sendo benéfica e tende a ser mais ainda.

Entrando nessa onda e pra fechar o ano e preparar os ânimos para o que vem por aí, tem mais dois e-books de amigos que me deixaram cheio de entusiasmo!

Um é o excelente livro Leve, que o Marcelo Sahea disponibilizou lá no Poesilha e fica até quando. É barato: custa apenas um post no twitter ou no facebook. Não subsitui o exemplar em papel, claro (bela e caprichada edição em formato quadrado que eu já tenho!). Segundo o Marcelo, custa menos que uma sidra. Portanto, a dica é: leia o pdf e adquira seu exemplar de papel e deixa de conversa fiada sobre substituição ou não do produto manuseável.

O outro é esse que você vê acima: Do amor como ilícito, do meu amigo, sósia e irmão mais velho, o poeta belorizontino Anízio Vianna. Para quem não o conhece, Anizio é autor de Dublê de anjo e Itinerário do amor urbano, o primeiro deles vencedor do prêmio Cidade de Belo Horizonte em 1996. Artista do verbo, já defendeu mestrado sobre a performance dos rappers, traduziu poesia (colaborou no estilingue 2) e é o inventor de um negócio chamado poema-notícia. Anízio é o cara.

Tá bom pra começar, não tá? Ou pra terminar. Cliquem aí e divirtam-se.