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mercado de santa tereza

ESSA É A ÚLTIMA SEMANA para quem quiser votar no futuro do mercado distrital de santa tereza. estão no páreo três propostas interessantíssimas. e pelo que andei vendo, está disputadíssimo. mas acho que ainda tem muita gente para votar. uma grande oportunidade para o cidadão escolher o destino de um determinado espaço da cidade, que sempre está à mercê da especulação financeira.

os três projetos são os seguintes:

centro de artes, cultura e tecnologias sócio-ambientais (proposto por tambor mineiro, ietec educação tecnológica, lume estratégia ambiental e mundo mico – coletivo de artistas)

mercado mineiro de santa tereza (proposto por associação do bairro de santa tereza, instituto de estudos do desenvolvimento sustentável e incubadora de artes do espetáculo)

mercado cultural de santa tereza (proposto por grupo giramundo, centro cultural galpão cine horto – grupo galpão e agentz produções)

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maiakovski – liubliu [amo]

o adulto tem os seus assuntos.
enche os bolsos de rublos.
fazer amor?
faça, então!
pela bagatela de cem rublos.
e eu,
sem prumo nem rumo,
as mãos
no bolso
com furos,
eu passava, de olhos bem abertos.
à noite,
você sai em pano puro.
procura repouso nas esposas, nas viúvas.
mas eu,
moscou me sufocava me apertava
nos penduricalhos de seus bulevars-rios.
nos peitos,
nos relógios,
os amantes fazem tic-tac.
no leito de amor, as parceiras estão em êxtase.
eu, na praça da paixão,
eu escutava
as selvagens pulsações do coração das capitais.
bem aberto —
com o coração semi-descoberto —
eu me ofereço ao grande sol e à poça d’água.
entrem com as suas paixões!
entrem com os seus amores!
doravante não sou mais dono do meu coração.
sei  nos outros onde fica o coração.
no peito – todo mundo sabe.
comigo
a anatomia perdeu a razão.
meu corpo é todo coração-
ele bate em toda parte.
quantos forem eles
durante vinte anos nesse ser
de apenas primaveras levadas na sua erupção.
seu peso acumulado é muito para carregar.
pesadão não
para o verso
mas no que os olhos podem ver.

Traduzi este trecho do poema “liubliu” [amo] de vladímir maiakovski, assim, de improviso, a partir de uma tradução francesa que tenho, feita por Christian David. por enquanto. Um dia traduzirei direto do russo.

véspera de eleição em bh: a difícil escolha entre o pior e o pior

amanhã, irei cumprir com a minha obrigação democrática muito a contra gosto. as eleições em belo horizonte este ano são as mais vergonhosas dos últimos tempos. os dois péssimos candidatos têm passado o último mês trocando impropérios, como quem estivesse disputando qual dos dois é o pior. isso porque ambos são péssimos mesmo.

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poema passageiro: mostra sesc artes 08

começou hoje, na cidade de são paulo, a proposição “poema passageiro”, inventada por ricardo silveira. e vai até o dia 20 de outubro. serão 9 poetas, 1 por dia, exibindo seus vídeo-poemas a cada hora nas tvs instaladas em alguns ônibus da cidade. além disto, esta proposição ganhou um “bônus”: os mesmos poemas estarão na linha verde do metrô e nas livrarias nobel e siciliano. a programação é a seguinte:

11/10 chacal
12/10 rodrigo garcia lopes
13/10 ricardo domeneck
14/10 marcelo montenegro
15/10 ricardo silveira
16/10 angelica freitas
17/10 bruna beber
18/10 marcelo sahea
19/10 ana rüsche
20/10 leo gonçalves

mostra sesc artes 08

começou ontem, dia 08 de outubro, e vai até o dia 19 a mostra sesc artes 08 em são paulo. um amplo projeto, incluindo muitas artes e arteirices de todas as linguagens. quem conferir aqui, verá que está tudo muito bonito. mas pra mim, a novidade que deixou muita gente aí rindo à toa são as três proposições do ricardo silveira. umas idéias super simples e bem humoradas que farão muitos paulistanos conviver com poesia durante 9 dias:

* poesia de bebedouro

* poema para viagem

* poema passageiro

participo desta última com um clip-poema que circulará nas tvs de alguns ônibus de são paulo. ao meu lado, além do ricardo trickster silveira, que me deu a honra do convite, tem bastante gente boa: ana rüsche, angelica freitas, bruna beber, chacal, marcelo montenegro, marcelo sahea, ricardo domeneck e rodrigo garcia lopes. e na área das letras, ainda tem mais.

quem quiser conferir lá no site, uma clicadinha aqui vai bem:
www.mostrasescdeartes.com.br
www.poesiafora.blogspot.com

programa petrobrás cultural (informe-se)

um acordo entre a petrobrás e o ministério da cultura abre novos rumos para a atual edição do programa petrobrás cultural. a novidade é que os interessados em enviar projetos não terão mais que aprová-los previamente na lei rouanet.

O “Acordo de Cooperação Técnica Ministério da Cultura – Petrobras” cria uma etapa semifinal no processo de análise/seleção do PPC, durante a qual o MinC analisará, sob os critérios e requisitos da lei Rouanet, os projetos finalistas do PPC, conferindo (ou não) a eles a aprovação na Lei Rouanet. Essa nova etapa será inserida após o final do trabalho das comissões de seleção e antes da decisão final pelo Conselho Petrobras Cultural, que definirá os projetos vencedores e uma lista de suplentes.

Dessa forma, todos os projetos vencedores, quando anunciados, já estarão aprovados na lei de incentivo fiscal, tendo então prazo de 30 dias improrrogáveis para a apresentação da documentação exigida pela Petrobras para a contratação, sob pena de convocação de projetos suplentes (que, conforme explicado acima, também já estarão devidamente aprovados na lei de incentivo).

quem quiser mais informações, prepare-se. na próxima quinta-feira, dia 28 de agosto, às 16h30, haverá um chat com a gerente de patrocínios da petrobrás, eliane costa, e o responsável pela seleção pública do setor de Literatura, giuseppe zani. a primeira hora irá tratar das questões relativas ao setor de criação literária: ficção e poesia.

fique atento às notícias no site da petrobrás:
http://www2.petrobras.com.br/CULTURA/ppc/index.asp

marcelino freire – para iemanjá

oferenda não é essa perna de sofá. essa marca de pneu. esse óleo, esse breu. peixes entulhados, assassinados. minha rainha. não são oferenda essas latas e caixas. esses restos de navio. baleias encalhadas. pingüins tupiniquins, mortos e afins. minha rainha. não fui eu quem lançou ao mar essas garrafas de coca. essas flores de bosta. não mijei na tua praia. juro que não fui eu. minha rainha. oferenda não são os crioulos da guiné. os negros de cuba. na luta, cruzando a nado. caçados e fisgados. náufragos. minha rainha. não são para o teu altar essas lanchas e iates. esses transatlânticos. submarinos de guerra. ilhas de ozônio. minha rainha. oferenda não é essa maré de merda. esse tempo doente. deriva e degelo. neste dia dois de fevereiro. peço perdão. minha rainha. se a minha esperança é um grão de sal. espuma de sabão. nenhuma terra à vista. neste oceano de medo. nada. minha rainha.

texto do marcelino freire recitado por fabiana cozza no show mo gbe orisa.

Fahrenheit 451

Existe mais de uma maneira de queimar um livro. E o mundo está cheio de pessoas carregando fósforos acesos. Cada minoria, seja ela batista, unitarista; irlandesa, italiana, octogenária, zen-budista; sionista, adventista-do-sétimo-dia; feminista, republicana; homossexual, do evangelho-quadrangular, acha que tem a vontade, o direito e o dever de esparramar o querosene e acender o pavio. (…) Beatty, o capitão dos bombeiros em meu romance Farenheit 451, explicou como os livros foram queimados primeiros pelas minorias, cada um rasgando uma página ou parágrafo desse livro e depois daquele, até que chegou o dia em que os livros estavam vazios e as mentes caladas e as bibliotecas para sempre fechadas.

os blogues e o inconformismo

é uma grande alegria poder de vez em quando folhear o blogue de caetano veloso, obra em progresso. como eu disse numa postagem anterior, ele lança lá algumas pérolas-bomba muito felizes. há algum tempo atrás, eu costumava ouvir pessoas reclamarem que caetano é genial quando compõe e um fiasco quando abre a boca. de duas uma: ou caetano mudou ou aquelas pessoas estavam equivocadas. o que vemos lá no blogue dele é um cara polêmico, engraçado e mordaz – com um olho clínico-crítico para o fino de problemas mundiais muito contemporâneos e eternos como o racismo e a opressão. como é o caso da querela que podemos ler exatamente no obra em progresso em torno à canção “base guantânamo”, composta recentemente por ele.

nos últimos dias, caetano chamou a atenção para dois outros blogues, talvez não tão charmosos quanto o dele, mas ainda mais interessantes: são os blogues do casal cubano yoani sánchez (que ganhou com o seu blogue generación y o prêmio ortega y gasset de jornalismo digital) e reinaldo escobar (a foto acima foi colhida no blogue dele). é lá que ficamos sabendo que o excelentíssimo ex-ditador fidel castro, depois de ter deixado o poder passou a dedicar-se à escrita (uma pena que ele não quis aprender a escrever poemas ou conhecer a etnopoesia de jerome rothenberg para aplicar em seus escritos). parece que a despedida do poder, deu aos cubanos (incluindo o fidel) o desejo de botar a boca no tombone. e no rol dos protestos sobra pra todo mundo, incluindo o caetano. acho que palavras podem ser usadas para fazer voar ou para oprimir. para saber quem usa como, a dica é espiar lá. in loco. nos devidos blogues.

www.obraemprogresso.com.br
www.desdecuba.com/generaciony
www.desdecuba.com/reinaldoescobar